06 de Janeiro dia de Folia de Reis

06 de Janeiro dia de Folia de Reis

Folia de ReisCompanhia de ReisReisado ou Festa de Santos Reis (em Portugal diz-se Reisada ou Reiseiros[1]), é uma manifestação católica, cultural e festiva, classificada sobretudo no Brasil como manifestação folclórica, comemorativa da festa religiosa da Epifania do Senhor ou Teofonia, que se caracteriza por celebrar a Adoração dos Magos ao nascimento de Jesus Cristo.

A denominação fala dos festejos entre o natal e o Dia de Reis – 6 de janeiro[2] – e diz respeito tanto ao “cortejo de pedintes, cantando versos religiosos ou humorísticos, como os autos sacros, com motivos sagrados da história de Cristo (…) no Brasil, sem especificação maior, refere-se sempre aos ranchos, ternos, grupos que festejam o Natal e Reis” na definição do folclorista Câmara Cascudo, que completa: “o reisado pode ser apenas a cantoria como também possuir enredo ou série de pequeninos atos encadeados ou não”.[1]

Nestes festejos existem elementos musicais com a presença de vários instrumentos (desde acordeonsviolõesviolascavaquinhosreco-recocaixaspandeiros, etc.) em que os participantes do reisado visitam as casas de porta em porta com sua cantoria, lembrando a viagem dos Reis Magos para levar ao Menino Jesus seus presentes de ouro, incenso e mirra.[3] Esta manifestação revela a combinação de duas figuras da teologia: a epifania (como sendo a aparição ou manifestação divina, no caso a primeira manifestação de Jesus entre os gentios) e a hierofania (manifestação do sagrado em objetos, formas naturais ou pessoas); reúne, assim, elementos sagrados e profanos.[4]

Histórico

A devoção aos chamados “Reis Magos”, ocorria em toda a Europa durante a Idade Média; isto se deveu ao traslado em 1164 para a Catedral de Colônia, na atual Alemanha, dos supostos restos mortais dos três reis como despojos de guerra por Frederico Barba-Ruiva, para onde haviam sido levados a Milão como presente da rainha Helena de Constantinopla por volta do século IV ou V.[5]

Durante esse período registros iconográficos da visita dos Reis Magos foram sendo feitos em catacumbas, quadros, retábulos, sarcófagos, etc., e fizeram de Colônia um alvo de peregrinações religiosas, tais como ocorriam em outras regiões consideradas sagradas; neste contexto de romarias surgiram cantos populares de grande importância no medievo europeu, chamados Noëls em França ou Villancicos, em Espanha.[5]

Em Portugal sofreram esses cânticos a adição do teatro de Gil Vicente e, no Brasil, de José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, servindo de base às manifestações existentes no país conhecidas como reisados, boi-de-reis, pastorinhas, boi-de-janeiro e folia de reis.[5]

Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas, tocando músicas alegres em louvor aos “Santos Reis” e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Três Reis Magos, 6 de janeiro, trazida ainda no período colonial pelos portugueses e hoje é uma tradição que se mantém viva em pequenas cidades de todo o país.[6][5]

Folia de Reis no Brasil

O Monumento Pórtico dos Reis Magos, em Natal, atesta a tradição dos Santos Reis

Câmara Cascudo registrou assim à folia de Reis da cidade alagoana de Viçosa que assistira em 1952: “tinha vários motivos, lutas do rei com os fidalgos, até que era ferido, depois de prolongado duelo a espadas, sempre solando e sendo respondido, em repetição e uníssono, por todo o grupo, espetaculosamente vestido e com coroas e chapéus estupefacientes, espelhos, aljôfares, fitas, panos vistosos com areia brilhante, etc.”.[1]

No Brasil, a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o Dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos, tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal como tamboresreco-recoflauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e do acordeão, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.

Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas, segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do mestre da folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.

As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.[5]

Boi de Reis

Boi de Reis, que recebe diversas outras denominações no Brasil, seria o “folguedo brasileiro de maior significação estética e social”, no dizer de Renato Almeida; ocorre de meados do mês de novembro até o Dia de Reis (6 de janeiro) como parte do ciclo de Natal, estendendo-se até o carnaval de modo reprovado pelos que defendem a tradição.[7]

Sua origem se dá no final do século XVIII, surgindo inicialmente nos engenhos e fazendas de gado do litoral e depois se interiorizando; sua origem é controversa e plural, havendo pesquisadores que encontram referências tanto às culturas europeias como, sem comprovação, africana; havia em Espanha e Portugal a presença de um boi falso feito de arcabouço e coberto com pano com uma pessoa dentro que, antecedendo as figuras dos reis magos nos desfiles, afastavam o povo pulando e dançando.[7]

Apesar das possíveis influências, o festejo do Boi é manifestação típica e única do Brasil.[7]

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