Carrefour x frigoríficos brasileiros: entenda o imbróglio entre as empresas que levou o Ministro da Agricultura apoiar o boicote

Carrefour x frigoríficos brasileiros: entenda o imbróglio entre as empresas que levou o Ministro da Agricultura apoiar o boicote

O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou em suas redes sociais que a empresa decidiu não comercializar mais carnes provenientes do Mercosul, bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O comunicado, endereçado ao presidente do sindicato francês de agricultores, Arnaud Rousseau, foi feito em meio a protestos de produtores franceses contrários ao acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

A medida visa apoiar os agricultores locais, que temem perder competitividade frente aos produtos sul-americanos, conhecidos por serem mais baratos. Bompard ressaltou que o Carrefour está disposto a manter essa decisão, independentemente do preço ou da quantidade de carne que o Mercosul possa oferecer.

No entanto, a reação no Brasil foi imediata. Frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour e suas subsidiárias, como o Atacadão e Sam’s Club. Caminhões que estavam a caminho de lojas foram redirecionados, segundo fontes do setor.

O Carrefour esclareceu que a decisão impacta apenas as operações na França, onde a maioria da carne comercializada já é de produção local, e que nas demais regiões, incluindo Brasil e Argentina, a empresa continuará vendendo carne do Mercosul. A empresa também lamentou a suspensão dos fornecimentos e reafirmou seu compromisso com o setor agropecuário brasileiro, com o qual mantém uma relação sólida há mais de 50 anos.

Esse movimento acontece em um momento de tensão entre o agro brasileiro e os mercados europeus, especialmente em função do acordo Mercosul-UE, que busca reduzir tarifas de importação e exportação entre os blocos. Os agricultores franceses, apoiados pelo presidente Emmanuel Macron, têm manifestado receios de que o acordo favoreça os produtos agrícolas sul-americanos, prejudicando os produtores locais.

A suspensão do fornecimento de carne ao Carrefour, no entanto, deve ter pouco impacto no comércio brasileiro, uma vez que a França representa apenas 0,66% das exportações de carne bovina para a União Europeia, e o bloco como um todo responde por 3,39% do total exportado pelo Brasil.

O impasse continua, enquanto o setor agropecuário brasileiro e o Carrefour buscam uma solução que permita a retomada do abastecimento, minimizando os impactos para os consumidores e preservando a parceria com os fornecedores locais.

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