Uma professora agrediu um aluno autista em escola de Matão

Uma professora agrediu um aluno autista em escola de Matão

Mulher foi denunciada por maus-tratos. Outras duas funcionárias também participaram das agressões em setembro de 2022. Todas foram exoneradas, segundo a Seduc-SP.

Imagens gravadas por uma funcionária da Escola Estadual Dr. Leopoldo Meira de Andrade, de Matão (SP), mostram uma professora e outras duas funcionárias agredindo verbalmente e fisicamente um menino autista de 9 anos, que estudava no 4º ano do ensino fundamental

caso aconteceu em setembro de 2022, mas as imagens foram disponibilizadas somente nesta quinta-feira (9). Elas foram feitas por uma cuidadora que ficava do lado de fora e na ocasião entrou na sala de aula.

A professora foi investigada por maus-tratos e a Polícia Civil relatou o caso à Justiça. Ela e as outras duas funcionárias envolvidas foram exoneradas, segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP)

Agressões

Nas imagens entregues à polícia, é possível ver a professora, que foi contratada para auxiliar na educação da criança autista, agredindo-a de diversas formas.

Em mais de 20 minutos de gravação a mulher:

  • Prensa o garoto várias vezes contra a parede;
  • Prende o menino no chão, segurando suas pernas com o joelho e imobilizando seus braços com as mãos;
  • Empurra o menino pela sala toda até que ele bate contra a parede;
  • Grita o tempo todo, chama o menino de onça e sujo, diz que vai chamar a polícia;
  • Segura a criança pelo pescoço e prensa o rosto dela no chão;
  • Torce o braço do menino várias vezes;
  • Bate com a mochila no rosto dele;
  • Tampa a boca dele;
  • Segura a bolacha sobre a cabeça do menino, proibindo-o de comer.

O garoto chora o tempo todo, em alguns momentos pede para que ela o solte. Várias vezes ele tenta bater na professora e cada vez é repelido com mais truculência aos gritos de “você não vai me bater” ou provocações de “você vai me bater? Quero ver me bater?”.

Outras duas funcionárias também participam da agressão. Uma delas puxa o capuz do moletom, enforcando o menino. Em um determinado momento, as três imobilizam a criança, que grita desesperada.

Uma das pessoas presentes ironiza: “As meninas da limpeza que estão aqui pensam que a gente tá matando”.

As agressões são feitas sob o olhar dos outros alunos na sala de aula, que, ora riem, ora tampam o rosto, e também no pátio da escola.

Agressões aconteceram na Escola Estadual Dr. Leopoldo Meira de Andrade em Matão — Foto: Ely Venâncio/EPTV
Agressões aconteceram na Escola Estadual Dr. Leopoldo Meira de Andrade em Matão — Foto: Ely Venâncio/EPTV

Processo

A mãe do menino, que hoje tem 10 anos, disse que começou a perceber uma mudança de comportamento nas atitudes do filho, principalmente quando ele chegava da escola.

“Ele mudou, está mais agressivo, ele não tem muita paciência mais com as coisas. Você fala ‘não’ para ele, fica nervoso. Ele jogou o celular no meu olho. Tá mais agressivo”, contou a mãe do menino, Silene Fátima Venção, em entrevista à EPTV em outubro do ano passado.

Ela disse que não teve coragem de ver o vídeo. A família procurou um advogado que irá entrar com um processo civil contra as três funcionárias da escola envolvidas nas agressões, por dano moral.

A tia da criança, Sandra Simonetti, diz que a forma como a professora agiu não deixou o seu sobrinho sair da situação.

Todos os adultos que aparecem no vídeo foram ouvidos pela polícia e encaminhou a denúncia ao Ministério Público.

No seu depoimento, a professora disse que era responsável pelo menino e que ele teve um surto muito forte e para tentar acalmá-lo e foram necessários contatos físicos. Confessou que “perdeu o controle da situação e que talvez tenha se perdido na técnica e no conhecimento, agindo de uma maneira não tão profissional”.

Disse ainda que não agiu por má fé ou malícia e reconheceu um possível exagero e rigor físico e ofensas desnecessários, mas que estava em um momento de estresse. Ela disse à polícia que está sofrendo ameaças.

O que dizem os envolvidos

g1 procurou as professoras envolvidas. A professora auxiliar, acusada das agressões não atendeu as ligações. O seu advogado enviou a seguinte nota:

“A defesa da investigada P. G. M., vem, por meio da presente nota, manifestar-se acerca das investigações relacionadas à apuração de suposto crime de maus tratos, conduzidos pela Polícia Civil do Estado de São Paulo.

De início, cumpre esclarecer que, os fatos ainda estão sendo investigados pela delegacia de Matão/SP e que não há denúncia proposta pelo Mnistério Público do Estado de São Paulo.

No mais, a investigada se defenderá nos autos do processo em momento oportuno.”

A professora que dava aula no momento das agressões disse que iria se manifestar pelo advogado, mas ele não atendeu.

A outra funcionária, que também aparece agredindo a criança disse que não iria se manifestar sobre o assunto.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou, por meio de nota, que a criança está recebendo todo suporte pedagógico, com professor regente, auxiliar e de outras disciplinas. Que foi disponibilizado o acompanhamento do aluno pelos profissionais do psicólogos da educação, se for autorizado pelos pais.

Disse ainda que as três docentes envolvidas e a cuidadora não fazem mais parte da rede estadual desde 2022 e que a pasta não compactua com desvios de conduta e segue colaborando com as investigações.

Fonte G1

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