Pesquisa da UFSCar estuda uso de biovidro para tratar câncer ósseo
03/07/2023
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A engenheira de materiais paraibana Geovana Lira Santana conheceu as propriedades do vidro bioativo F18 capaz de estimular a regeneração óssea, ao chegar à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) para fazer mestrado.
Viu no novo material a possibilidade de realizar o desejo antigo de virar cientista e fazer pesquisas sobre câncer e, a partir dele, desenvolveu um composto para tratar câncer ósseo.
O F18 é uma criação do Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV), do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar capaz de regenerar tecidos e acelerar o processo de cura de feridas. O material foi patenteado em 2015.
O novo material, que começou a ser desenvolvido por Geovana em 2018 para ser usado como enxerto em ossos afetados por câncer, incorporou ao vidro bioativo manganitas de lantânio enriquecidas com estrôncio, um material que aquece quando exposto a um campo magnético alternado externo.
O composto é capaz de combater às células tumorais pelo aquecimento controlado das partículas magnéticas e regenera o tecido ósseo (veja esquema abaixo).
“O vidro bioativo libera íons que alteram o pH do meio, estimulando a proliferação de células ósseas. Ele não apenas cria um ambiente favorável à regeneração do osso, como fazem os substitutos ósseos disponíveis no mercado, mas também promove a formação de tecido”, explica a pesquisadora, que é doutoranda na UFSCar.
Material desenvolvido na UFSCar pode ajudar na reconstrução de ossos afetados pelo câncer — Foto: Arte Revista Pesquisa Fapesp
O biovidro F18 ainda tem a vantagem de ter forte ação bactericida, que dificulta infecções no pós-cirúrgico.
Outra característica relevante é que ele pode ser aquecido até no máximo 45ºC, o que evita o superaquecimento do local e danos a células sadias vizinhas ao tumor. Em testes laboratoriais, as partículas magnéticas do compósito chegaram a 40ºC em poucos minutos ao serem submetidas a um campo magnético externo.
Nas próximas etapas, a pesquisa irá buscar os níveis ideais de aquecimento além de fazer testes in vitro e estudos clínicos. Um pedido de patente do composto foi depositado em 2021.
Mesmo faltando várias etapas para chegar ao mercado, o vidro bioativo com partículas magnéticas da UFSCar já tem uma empresa interessada em promover sua comercialização: a startup Vetra, fundada em 2014 por ex-alunos da UFSCar e incubada no Supera, o parque de inovações tecnológicas de Ribeirão Preto.
Biovidro
Grupo da UFSCar desenvolveu malha de biovidro que ajuda em cicatrizações — Foto: Paulo Chiari/EPTV
O biovidro utilizado como matriz do compósito desenvolvido por Santana nasceu do projeto de mestrado da dentista Marina Trevelin, sócia-fundadora da Vetra, realizado no LaMaV-DEMa-UFSCar entre 2009 e 2011.
No doutorado, a pesquisadora expandiu o projeto avançando para os ensaios pré-clínicos e explorando diferentes aplicações para a tecnologia, como regeneração de feridas da pele e de nervos.
As duas pesquisas foram apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Fonte EPTV
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