Saúde da mulher ainda é desafio no Brasil

Saúde da mulher ainda é desafio no Brasil

Taxas de morte por câncer de mama, câncer do colo do útero e no parto são altas entre as brasileiras.

Com o tempo, os tratamentos e diagnósticos de doenças tornaram-se cada vez mais precisos. No caso das mulheres, apesar do avanço, a falta de atenção aos cuidados preventivos têm contribuído para o aumento de ocorrências que impactam a saúde das brasileiras.

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer em mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Outro agravante à saúde feminina é o câncer do colo do útero. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, 17 mil novos casos devem ser registrados no país entre 2023 e 2025.

A atenção aos sintomas do câncer de mama e colo do útero, bem como o acompanhamento por um ginecologista, são recomendados para a prevenção. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revela que, aproximadamente, 4 milhões de mulheres nunca procuraram atendimento ginecológico.

ginecologia é parte da medicina dedicada exclusivamente às mulheres. Os cuidados incluem exames de rotina como o papanicolau, mamografia, ultrassonografia e outros. Geralmente, eles são os responsáveis pela identificação das doenças. 

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), os fatores que influenciam as mulheres na não realização dos exames estão associados tanto a questões individuais quanto aos serviços de saúde. 

Medo, desconforto, vergonha, falta de informações e pouca disponibilidade de horários para os agendamentos são algumas das dificuldades. Além disso, para as mulheres em vulnerabilidade social, as barreiras encontradas podem ser ainda maiores. 

A falta de acesso aos cuidados ginecológicos pode levar a consequências graves, como o desenvolvimento de doenças sexualmente transmissíveis, complicações na gravidez e a descoberta tardia de câncer de mama e colo de útero.

Câncer de colo de útero

Segundo dados do Inca, o câncer de colo do útero é a terceira neoplasia mais incidente na população feminina brasileira, excluindo os tumores de pele não melanoma.

Ele é causado por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), sendo, geralmente, transmitido sexualmente. A vacinação e o uso de preservativo são as formas mais eficazes de prevenção. No entanto, essa é uma questão que tem preocupado o governo. 

O índice de vacinação contra o HPV no Brasil apresenta queda. Em 2019, a cobertura vacinal havia atingido cerca de 87,08% das meninas entre 9 e 14 anos; já em 2022, o percentual caiu para 75,81%.

O diagnóstico da doença é feito através do exame citopatológico, conhecido como papanicolau, disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que até 2030, 90% das meninas sejam vacinadas contra o HPV até os 15 anos. 

Os tratamentos para o câncer do colo do útero podem variar de acordo com o estágio em que ele é identificado, incluindo procedimentos como cirurgias, radioterapias e quimioterapias. Os médicos orientam que, quanto mais cedo ele for descoberto, menos agressivo será o seu desenvolvimento, sendo possível pensar em engravidar futuramente.

Câncer de mama

Os números de diagnóstico da doença vêm crescendo a cada ano. Em 2023 a expectativa é de 73.610 casos, representando 7.330 casos a mais do que o ano passado. Dados da pesquisa “Características e prognóstico dos subtipos de câncer de mama estágio I-III no Brasil” revelam que 70% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágio avançado no país. 

De acordo com as diretrizes do Inca, a mamografia e o autoexame são as melhores formas de descobrir a doença precocemente e evitar o risco de morte, sendo indicada a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos, ainda que não haja sintomas. 

O protocolo para as mulheres com menos de 40 anos depende de fatores de risco, como histórico familiar ou aparecimento de nódulos na região.

Saúde da mulher na gestação

O acompanhamento pré-natal garante a saúde da gestante e do bebê, evitando complicações no parto. No entanto, segundo o boletim epidemiológico da Saúde da Mulher, realizado pelo Ministério da Saúde, nem todas as mulheres realizam o pré-natal, principalmente nos primeiros três meses. 

Esses fatores podem se refletir na razão da mortalidade materna, que apresenta números elevados. Em 2021, a média foi de 110 mortes. De acordo com a OMS, grande parte das mortes poderia ser evitada com a assistência adequada e o oferecimento de serviços de qualidade, visto que as ocorrências são maiores em regiões com menos recursos. 

O assunto é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até 2030, o Brasil tem o compromisso de reduzir a razão de mortalidade materna para no máximo 30 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. 

Além da atenção aos riscos do parto, a violência obstétrica é outro problema que gera insegurança nas mulheres. Segundo um levantamento da Fiocruz, cerca de 45% das mulheres atendidas na rede pública sofreram maus-tratos ao dar à luz.

Planejamento reprodutivo

As ações de planejamento reprodutivo são amparadas pela Lei n.º 9.263/1996, que prevê o direito a uma vida sexual segura e com autonomia para decidir se reproduzir, sendo garantido o acesso a informações e métodos contraceptivos. O SUS oferece contraceptivos como DIU, anticoncepcionais e camisinha feminina. 

Essas medidas também asseguram a saúde da mulher no que diz respeito às infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo o HPV. No entanto, nem sempre a disponibilização dos recursos garante a educação sexual. De acordo com dados do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), 62% das mulheres que já engravidaram no Brasil tiveram pelo menos uma gravidez não planejada. 

Além disso, até o ano passado, os procedimentos de esterilização voluntária exigiam o consentimento do cônjuge para a realização, algo que era visto por algumas mulheres como uma barreira sobre o próprio corpo.

Saúde da mulher na menopausa

O período de climatério ou menopausa é conhecido pela passagem do ciclo reprodutivo da mulher para o não reprodutivo. Normalmente, ocorre entre os 48 e 50 anos.

Há mulheres que relatam o aparecimento de sintomas, como ondas de calor, suores noturnos, insônia e diminuição da libido. Essas condições podem afetar a qualidade de vida, sendo oferecido atendimento especializado para mulheres na menopausa pelo SUS. 

A terapia hormonal ajuda no alívio dos sintomas, porém nem todos os medicamentos estão disponíveis gratuitamente. Para as mulheres que precisaram retirar o útero e os ovários, a necessidade de reposição hormonal é ainda maior.

Fonte Naressi

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