Centenários contam segredos para chegar e até ultrapassar os 100 anos com saúde e disposição

Centenários contam segredos para chegar e até ultrapassar os 100 anos com saúde e disposição

Apesar de a população de centenários ter crescido na última década, ainda é raro encontrá-los. Região tem 210 deles. 

Aos poucos, a população brasileira tem envelhecido, mas ainda é muito difícil encontrar pessoas que chegam a barreira icônica dos 100 anos. Passar dessa idade é ainda mais raro (veja mais abaixo).

Na série especial de fim de ano “De repente 100”, a reportagem encontrou algumas dessas raridades que ainda estão com muita disposição e elas contaram o que fizeram para completar um século de vida de forma plena.

Aos 112 anos, Francisca planeja a próxima festa de aniversário.

A mais velha entre eles já está planejando a festa do seu aniversário de 112 anos, que ocorre em março de 2024, em Santa Gertrudes (SP).

Como para a maioria das pessoas da sua geração, a vida não foi fácil para a centenária. Ela conta que para sobreviver fez um “cado” de tudo: “já rocei, já capinei, já ajudei tirar água pra casa, já olhei doente”.

Também já foi parteira. Iinclusive faz o parto do seu neto Gino José Quintino, que hoje é responsável pelo seu bem-estar.

Nos últimos anos, o Alzheimer levou muitas das suas lembranças, mas quem olha para a idosa não imagina a idade que ela tem.

“Ela tem menos rugas que eu que tenho 55 anos”, brinca a esposa de seu neto, Margarete Lopes Quintino.

Alimentação e autoestima sustentam Maria Aparecida.

Para a professora aposentada Maria Aparecida Vaz Bregagnolo, a dona Nina, de 102 anos, moradora de São Carlos (SP) o bom envelhecimento passa pela alimentação e autoestima.

Ela come um banquete no café da manhã e não pode faltar fruta. A uva é a preferida. A fruta se repete no almoço que também tem arroz e feijão. E, quando possível, pastel, que ela adora.

Mas ela não janta. “Ela não come muito doce. Ela não janta. Ela toma um lanche à tarde e depois das 6h ela não come mais nada. Só água. E dormir cedo! Ela dorme bem cedo”, conta a cuidadora Maria Angélica Rodrigues.

O lema dela é comer de tudo um pouco, mas o que dona Nina gosta mesmo é uma cervejinha. “Eu gosto de um vinho, mas gosto bastante mesmo de cerveja.”

Bem humorada, ela diz que toma remédio só porque o médico receita e quando a gente pergunta para que são os remédios, ela não perde tempo na resposta: “Ah… Pra ele ter o que fazer!!”, diz aos risos.

Ela também não se descuida da aparência. “Tô sempre bem vestida, bem arrumada! Eu tenho roupa por que eu não vou vestir? Não posso andar mal vestida. Eu sou a dona da casa. Tem que ser bem arrumada!”

Há 70 anos, o português Manuel de Jesus Lopes, de 103 anos, deixou o outro lado do oceano rumo ao Brasil e após um tempo na capital paulista, seguiu para o litoral norte para passar a velhice perto da natureza.

O seu segredo para ultrapassar um século de vida com energia para caminhar na praia é “arroz, feijão, não tomar bebida nenhuma, não fumar, água e comida na hora certa! Curtir a natureza e, se puder, namorar um pouquinho é bom.”

Todos os dias ele vai ao Centro Municipal do Idoso de Caraguatatuba, onde faz musculação e pilates. Ele também joga bocha e se socializa. Os professores e colegas se tornaram amigos.

“Eu não tenho preguiça, não. Eu fui sempre acostumado a ficar 24 horas de pé quando eu tinha meus bares e restaurantes”, conta.

Além de cuidar do corpo, seo Manoel cuida da mente e faz exercícios que estimulam o cérebro com uma psicóloga.

“Ele desenvolve muito bem as atividades, tem um bom entendimento e consegue manter a linha de raciocínio. As atividades trabalham mais a questão do raciocínio lógico, conseguir rastrear as cores, entender os encaixes”, explica a psicóloga Isabela Gobetti Leite.

Tantos cuidados fazem com que seo Manuel tenha ultrapassado os 100 anos “interaço”. Em 2020, ele foi eleito Mister Caraguatatuba Melhor Idade.

“A idade do seo Manuel contou porque ele é muito forte, ele é todo esbelto, e também a simpatia. Nossos jurados ficaram enloquecidos com ele. E o público inteirinho levantou e gritou:’ já ganhou, já ganhou!’ Foi unânime”, conta o secretário de Direitos da Pessoa com Deficiência e dos Idosos, Amauri Toledo.

E seo Manuel não se cansa. Para 2024, ele já tem plano de disputar o Mister Melhor Idade na categoria estadual.

Bom humor e simplicidade fazem parte da rotina de Pedro.

Uma brincadeira na juventude profetizou a longa vida de serviu de profecia pra vida longa Pedro de Prínce, de 100 anos.

“Eu tinha um irmão barbeiro e, às vezes, quando ia cortar o cabelo lá ele falava: ‘Pedro, tem um que tem que ficar pra semente’. Agora tô pensando… Ih, será que sou eu?”

Esse bom humor está sempre presente na vida desse centenário que nasceu em Santa Lúcia (SP), em 1923 e já passou por muita coisa.

“Vinte anos aqui, dez anos lá, cinco lá. Quando vê… Teve armazém, teve sítio, teve fábrica de vassouras, comandei posto de gasolina, comandei fábrica de vassoura.

Na chácara que leva o nome dele, seo Pedro aproveita a vida centenária ao lado dos animais.

Ele é muito simples, ele não se preocupa com o amanhã e ele vive o hoje, e o hoje dele não tem nada de supérfluo. É chegar em casa, encontrar a família. Todos os domingos estamos reunidos e a alegria dele é essa, que todos venham aqui, fazer uma comida. A alegria dele realmente é a família, é o segredo dele que ele tá passando pra gente”, diz a filha Maria Celeste de Prínce.

Mas ele diz que o segredo para um século de vida é uma mistura de ervas – maçatonga, sucupira, boldo – curtida na cachaça. “Tem uma cachaça muito boa! O principal é a cachaça boa.”

Seo Pedro, nessa longa caminhada da vida, ainda tem muitos planos pela frente. “Continuar o que eu faço, plantação de milho, cuidar de galinha, cuidar de cavalo, fazer curau, milho pra família toda 50 e tantas pessoas. É um praz.

População centenária cresceu

O número de idosos com 100 anos ou mais no Brasil saltou de 22,7 mil, em 2010, para 37,8 mil em 2022, segundo o Censo 2022.

Ainda segundo a pesquisa, ao todo, são 210 centenários na região de São Carlos e Araraquara. Entre as 42 cidades da região, em oito não há um morador sequer com mais de 100 anos.

Araraquara (SP) é o município com mais centenários, com 39 pessoas, o que representa 0,016% dos moradores do município que no qual a população idosa representa 18,76% do total.

Fonte EPTV

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