Dengue: mesmo após reações alérgicas, especialistas garantem que vacina é segura. ‘Leve seu filho’

Dengue: mesmo após reações alérgicas, especialistas garantem que vacina é segura. ‘Leve seu filho’

Como precaução, Ministério da Saúde determinou que meninos e meninas fiquem em observação por 15 a 30 minutos após o imunizante

vacina de dengue continua segura e recomendada para todas as crianças de 10 a 14 anos, apesar de relatos de reação alérgica grave após a vacinação. A orientação, publicada pelo Ministério da Saúde em nota técnica, é corroborada por infectologistas.

— A vacina continua sendo custo-benefício. Ela protege em 80% contra formas sintomáticas e 90% contra hospitalização. Esse evento continua sendo rara e a vacinação, recomendada — diz o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso.

Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que registrou 16 casos de pessoas que tiveram alergia grave após tomar a vacina da dengue. Esse tipo de reação pode acontecer com qualquer fármaco. Mesmo não tendo aparecido durante os ensaios clínicos realizados com mais de 20 mil crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, é esperado que esse tipo de reação aconteça quando a vacina começa a ser aplicada no mundo real devido ao aumento no número de pessoas imunizadas.

A farmacovigilância é muito importante nesse momento porque eventos extremamente raros, que não aconteceram naquelas milhares de pessoas do ensaio clínico, podem acontecer. Isso é super comum — explica o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp Botucatu e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Os especialistas ressaltam que quase todo fármaco pode desencadear uma reação alérgica grave e anafilaxia. A frequência esperada para esse tipo de reação após a vacinação em geral varia entre 1 caso para 100 mil pessoas vacinadas e 1 para 1 milhão. Baseado em 365 mil doses aplicadas, esses 16 casos equivalem a uma incidência de 4 para 100 mil.

Os casos relatados levaram a Anvisa a incluir a hipersensibilidade como um novo efeito colateral na bula da vacina. No entanto, Croda reforça que embora represente uma ocorrência maior que o esperado, ainda é um evento bastante raro. Além disso, todos os casos evoluíram muito bem.

— Quase toda medicação pode gerar alergia grave e anafilaxia. Além disso, todos os casos foram controlados e a recomendação continua a mesma: os pais devem levar seus filhos em idade elegível para se vacinar — pontua Barbosa.

Além de registrar os casos, o próximo passo para o Ministério da Saúde e a farmacovigilância é tentar esclarecer por que essas reações adversas não apareceram nos ensaios clínicos e por que estão ocorrendo nessa frequência. Uma das hipóteses é a manipulação errada da vacina.

— Essa vacina precisa ficar 15 minutos em repouso para chegar na temperatura ambiente e então ser feita a mistura do diluente com o princípio ativo par aplicação. Se esse procedimento não é seguido corretamente, a pessoa pode receber um conteúdo maior e ter alguma reação — diz Croda.

Outra possibilidade é que a reação seja desencadeada por algum componente do imunizante.

Diante do ocorrido, a pasta recomendou que as crianças fiquem em observação de 15 a 30 minutos após receberem a vacina: pessoas sem histórico de alergia devem esperar 15 minutos. Já aquelas alérgicas precisarão aguardar meia hora após a vacinação para serem liberadas. Além disso, o imunizante deve ser aplicado unidades de saúde com capacidade para o atendimento a possíveis reações alérgicas.

O GLOBO

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