A nova droga que ‘interrompe’ evolução do Alzheimer
18/07/2023
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Os especialistas dizem que agora estamos “prestes” a ter medicamentos disponíveis, algo que recentemente parecia “impossível”.
A companhia farmacêutica Eli Lilly informou que sua nova droga — chamada donanemab — diminui o avanço da doença de Alzheimer em cerca de um terço.
No entanto, dois voluntários, e possivelmente um terceiro, morreram devido a um inchaço perigoso no cérebro.
Beta-amiloide como alvo
O donanemab funciona da mesma forma que o lecanemab, que ganhou as manchetes dos jornais em todo o mundo quando foi comprovado que retardava a doença.
Ambos são anticorpos como aqueles que o corpo produz para atacar vírus. Mas estes são desenvolvidos para limpar a gosma pegajosa que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer, a chamada beta-amiloide.
A amiloide se acumula nos espaços entre as células cerebrais, formando placas que são características da doença de Alzheimer.
Agora estamos entrando na era da modificação da doença, na qual podemos esperar realisticamente tratar e manter alguém com doença de Alzheimer, com gerenciamento de longo prazo da doença, em vez de cuidados paliativos e de suporte.”
Os detalhes completos dos testes realizados pela Eli Lilly ainda não foram publicados — mas a empresa revelou as principais descobertas:
- 1.734 pessoas com Alzheimer em estágio inicial participaram dos testes;
- O donanemab foi administrado nos pacientes por meio de uma infusão intravenosa mensal até que as placas características da doença no cérebro desaparecessem;
- O avanço da doença diminuiu em cerca de 29% no geral — e em 35% em um grupo de pacientes que os pesquisadores consideraram mais propensos a responder ao tratamento;
- Aqueles que receberam a droga também mantiveram mais suas atividades cotidianas, como discutir eventos atuais, dirigir ou praticar hobbies.
No entanto, o inchaço cerebral foi um efeito colateral comum em até um terço dos pacientes.
Na maior parte, o inchaço foi leve ou assintomático, apesar de ter sido detectado em exames de imagem do cérebro — mas 1,6% desenvolveram um inchaço cerebral perigoso, com duas mortes atribuídas diretamente a ele, e uma terceira registrada após um caso desse.
“Estamos encorajados pelos potenciais benefícios clínicos que o donanemab pode proporcionar, embora, como muitos tratamentos eficazes para doenças debilitantes e fatais, existam riscos associados que podem ser graves e mortais”, disse Mark Mintun, vice-presidente de pesquisa em neurociência e desenvolvimento do grupo Eli Lilly.
A empresa anunciou que iniciaria o processo de aprovação do medicamento para uso em hospitais nos próximos meses.
Liz Coulthard, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, ressalva que há “efeitos colaterais significativos” e faltam dados de longo prazo — mas afirma que a droga pode “ajudar as pessoas a viverem bem com a doença de Alzheimer por mais tempo”.
‘Pensavam ser impossível’
Ter duas drogas capazes de retardar a doença ao atacar a amiloide no cérebro também convenceu os cientistas de que estão no caminho certo após décadas de tentativas e fracassos.
“Isso deve dissipar quaisquer dúvidas remanescentes sobre essa abordagem”, disse John Hardy, do UK Dementia Research Institute, cujo trabalho levou à ideia de atacar a amiloide, há 30 anos.
“Ter duas drogas é ótimo para a concorrência.”
Susan Kolhaas, diretora-executiva da organização Alzheimer’s Research UK, observou:
“Estamos agora prestes a ter a primeira geração de tratamentos para a doença de Alzheimer, algo que muitos pensavam ser impossível apenas uma década atrás”.
No entanto, essas drogas parecem funcionar apenas nos estágios iniciais da doença — antes de o cérebro estar muito danificado.
E se elas forem aprovadas, ainda seria necessária uma revolução na forma como a doença é diagnosticada para fazer a diferença.
Apenas de 1% a 2% das pessoas no Reino Unido fazem exames de imagem do cérebro ou uma análise do líquido cefalorraquidiano para determinar se realmente têm Alzheimer ou outra forma de demência contra a qual as drogas seriam inúteis.
E os serviços públicos de saúde teriam que decidir se poderiam pagar por eles. O lecanemab custa mais de £ 21 mil (aproximadamente R$ 132 mil) por pessoa por ano.
Fonte G1
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