Abuso’: menina que engravidou aos 12 anos após ser estuprada pelo pai entrega bebê para adoção: ‘espero que tenha uma vida boa’

Abuso’: menina que engravidou aos 12 anos após ser estuprada pelo pai entrega bebê para adoção: ‘espero que tenha uma vida boa’

Garota, que hoje tem 13 anos, está sob a guarda de uma conhecida da família, em São Carlos (SP). Estuprador, também acusado de matar a mãe da menor, continua foragido.

Uma menina que foi estuprada pelo próprio pai e engravidou aos 12 anos entregou o bebê para adoção, em São Carlos (SP)quatro meses após dar à luz. O criminoso, que também é acusado de matar a mãe dela, continua foragido.

Violência em família

Menina que engravidou aos 12 anos ao ser estuprada pelo pai decide entregar filha para adoção — Foto: Reprodução EPTV
Menina que engravidou aos 12 anos ao ser estuprada pelo pai decide entregar filha para adoção — Foto: Reprodução EPTV

A garota, hoje com 13 anos, foi violentada no ambiente que deveria estar protegida, dentro de casa pelo próprio pai. O homem é acusado de matar a mãe da menor. Mesmo assim, ela e um irmão acabaram indo morar com ele.

“Eu fui morar em uma kitnet mais ele. Aí acabou que eu estava dormindo e acordei com um peso em cima de mim”, contou.

A vítima não sabe dizer quantas vezes foi abusada. “Ah, muitas vezes, eu não sei quantas, mas foram muitas. Tinha uma vez que ele abusou de mim a noite toda. Aí abusou de mim da noite até no outro dia de manhã”, contou.

Do aborto para a adoção

A menina pensou em fazer um aborto – procedimento permitido pela legislação brasileira em casos nos quais a gravidez é resultante de violência sexual -, mas depois desistiu.

“No começo sim, eu queria tirar. Só que depois que fez o primeiro ultrassom, que eu ouvi o choro dos bebês no hospital, eu não quis mais abortar. Eu falei que ia direto, com a gestação até o final”, disse.

Com uma gestação de risco, ela passou por uma cesariana e, após quatro meses e meio após dar à luz, a bebê foi entregue para adoção por decisão da própria vítima.

Resgatada

A garota foi resgatada dos abusos do pai por uma conhecida da família, quando ela já estava com quatro meses de gravidez.

“[Quando eu descobri] Eu desacreditei, eu desacreditei. Eu falei: ‘cara, eu não acredito que um pai tem a coragem de fazer isso com uma filha e a filha caçula dele. Quem deveria proteger, é quem abusa. Um ano abusando dela’, contou a mulher.

Hoje, ela tem a guarda da menor e espera que o estuprador pague pelo crime.

“Fez sóbrio! Não bebe, não fuma, não usa droga, nada. É a índole que não presta, é a índole da pessoa que não vale nada. É a dessa cara. Ele não pode estar solto”, disse indignada.

Após investigação da Polícia Civil de Goiânia (GO), onde aconteceu o crime, o pai da menina foi indiciado por estupro de vulnerável, cárcere privado e abandono intelectual, teve mandado de prisão decretado, mas não foi preso e é considerado foragido. A menina fica à espera de uma punição.

Direito à decisão

Para a escritora e educadora sexual Anna Luiza Calixto, fundadora do Projeto Social Bem Me Quer e ativista na área do direito da criança e do adolescente desde 2008, a sociedade tende a impor à criança vítima de violência sexual os seus preceitos e valores, sem respeitar as suas decisões.

“É outra violência obrigar a criança a seguir ou não respeitar o desejo dela de continuar com a gestação. É é uma escolha da vítima, o corpo é da vítima, quem vai lidar com essa decisão depois é a vítima”, afirmou.

O perigo mora próximo

De acordo com a advogada Luciana Temer, que trabalha no Instituto Liberta contra o abuso sexual de crianças, mais de 4 meninas com menos de 13 anos são estupradas por hora no Brasil. 40,8% das violências sexuais contra crianças são praticadas por pais e padrastos, 8% por avós e 37% por irmãos, primos e outros parentes.

Em alguns casos, a violência é de conhecimento dos parentes que deveriam dar a devida proteção à criança.

“A família para a maior parte dos brasileiros é um espaço de proteção, mas para muitas crianças é um espaço de violência. A gente não pode colocar a família acima de tudo, tem que reconhecer que a família e o lar são espaços de violência e isso precisa ser combatido e não ignorar que essas violências estão acontencendo porque essa violência marca essa criança para a vida toda”, afirmou Samira.

Uma pura crueldade o mundo em que vivemos.

Fonte G1

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