Como aproveitar o verão no litoral sem pegar virose?

Cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo, registrou milhares de atendimentos por virose desde dezembro

Desde a virada do ano, a cidade de Guarujá, no litoral paulista, tem registrado milhares de casos de virose, sobrecarregando o sistema de saúde do município. Entre os relatos estavam sintomas de náuseas, vômitos, diarreia e dores intensas na barriga.

Por se tratar de um período de alta temporada e início do verão, é comum que mais pessoas desçam até o litoral para aproveitar dias de folga na praia. No entanto, diante do atual surto de virose, são necessários alguns cuidados para evitar a infecção.

Nessa época do ano, no litoral, você tem um aporte muito grande de pessoas. A população nas praias duplica, triplica ou, até mesmo, quadruplica. E é lógico que os sistemas de esgoto possuem uma capacidade adaptativa, mas não é 100%. Então, se você tem muitas pessoas usando o serviço público [de esgoto], pode haver contaminação”, explica Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.

Além disso, a contaminação de alimentos e da água também é mais comum nessa época do ano, segundo Sumire Sakabe, infectologista do Hospital Nove de Julho. “Nessa época, nós acabamos, muitas vezes, nos expondo a alimentos e água que, muitas vezes, não foram manipulados com maior rigor de higiene, facilitando a transmissão dessas infecções”.

A partir disso, é possível entender as principais formas de prevenir a virose durante uma viagem ao litoral. De acordo com os especialistas, os cuidados devem incluir:

• Higienizar adequadamente as mãos antes de manipular alimentos e água;
• Preparar bem os alimentos, evitando preparações cruas ou mal cozidas;
• Filtrar ou ferver a água se não souber a procedência;
• Preferir o consumo de água mineral engarrafada ou lacrada;
• Higienizar adequadamente frutas, verduras e legumes antes do consumo.

Os cuidados devem ser redobrados pelas pessoas que já estão infectadas, para evitar a transmissão do vírus. “Particularmente, após usar o banheiro, ela deve lavar bem as mãos. Evitar, se possível, ser a pessoa responsável por cozinhar os alimentos e, para seu próprio cuidado, manter-se bem hidratado”, orienta Sakabe.

O que é virose?

A virose é uma infecção causada por vírus que afeta o tubo digestivo inferior, ou seja, o intestino grosso. Ela é caracterizada por sintomas como diarreia, náuseas, vômitos e dor abdominal. Um dos principais tipos de virose é a gastroenterite, uma inflamação do revestimento gástrico e do intestino grosso.

“A virose é qualquer doença causada por um vírus. Uma gripe, por exemplo, é uma virose”, explica Granato. “Quando você considera a virose, você tem a gastroenterocolite, que é frequentemente causada por vírus, mas pode, também, ser causada por bactéria”, acrescenta.

Outros principais agentes por trás das viroses são o rotavírus, o adenovírus e o norovírus, segundo o especialista. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra, principalmente quando não há a higienização correta das mãos. Porém, a principal forma de transmissão é através de alimentos e água contaminada.

Como tratar uma virose?

O tratamento de viroses, como a que está atingindo o litoral paulista, deve ser feito, principalmente, através da hidratação, priorizando o consumo de água e chás. Manter uma alimentação leve e equilibrada também é fundamental para a total recuperação do organismo.

De acordo com o Manual MSD, as principais medidas para tratar uma virose são:

• Reidratação: maior ingestão de água e, em casos necessários, soro administrado por via intravenosa;
• Medicamentos antidiarreicos e probióticos;
• Antitérmicos, para alívio de febre, se houver;
• Antiemético, para alívio das náuseas;
• Alimentação leve, evitando alimentos gordurosos.

Quando a virose pode evoluir para um quadro mais grave?

Em situações em que os sintomas da virose forem intensos — com vômitos frequente e grande volume de diarreia –, o maior risco é a desidratação. Além disso, outro sinal de alerta é febre, principalmente em crianças e idosos, conforme explica Granato.

“As pessoas têm que ficar mais atentas, principalmente, para os limites de idade, os extremos de idade e o volume [de líquido] que a pessoa perder”, orienta o infectologista. “Se a pessoa tiver febre, ela pode perder ainda mais líquido, porque a temperatura corporal está mais alta e ela sua mais. Nesse caso, é preciso ingerir ainda mais água”, completa.

Em casos em que a hidratação pela ingestão de água não for suficiente — ou se a pessoa não estiver conseguindo ingerir água devido a náuseas e vômitos constantes — é fundamental buscar o pronto-atendimento para realizar hidratação pela veia com soro.

No caso de idosos, quadros intensos de virose podem ser ainda mais preocupantes, pois a desidratação aumenta o risco de piora da função renal e internações.

“Um idoso mais debilitado pode ter uma evolução pior. Então, quem está enfrentando um momento como esse, a primeira medida é consumir água de fonte confiável, seja comprando água mineral ou fervendo, como se fazia antigamente. Além disso, também é preciso se atentar com a alimentação, o local onde estão sendo adquiridos os alimentos e como está sendo realizado o preparo. Para isso, manter as mãos limpas e higienizadas para lidar com os alimentos é fundamental”, explica Marco Túlio Cintra, médico geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Fonte CNN