Dezembro Vermelho: Mês da prevenção da AIDS, o que é e quais são seus objetivos?

Dezembro Vermelho: Mês da prevenção da AIDS, o que é e quais são seus objetivos?

Uma das doenças infecciosas mais temidas e faladas a respeito é a AIDS. Responsável por mais de 33 milhões de mortes no mundo desde o início dos relatos, o vírus recebeu maior visibilidade em 1988, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.

No Brasil, assim como Outubro Rosa e Novembro Azul, a campanha de Dezembro Vermelho foi estabelecida, e o mês foi escolhido para ir ao encontro com a data mundialmente adotada para a conscientização sobre a doença.

Saiba neste artigo o que é o Dezembro Vermelho e todas as suas ações acerca da prevenção da AIDS.

Qual o significado de Dezembro Vermelho?

O Dezembro Vermelho foi escolhido como o mês para se falar sobre a prevenção do HIV, da AIDS e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Instituída via Lei, sob o nº 13.504/2017, a campanha é de abrangência nacional, realizando ações e mobilizações de conscientização sobre as doenças.

Segundo o parágrafo 1º da Lei, “a campanha terá foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/AIDS”.

O nome da ação se dá por causa da campanha realizada mundialmente desde 1988, no dia 1º de dezembro, e a cor tem relação com o símbolo principal do ato, o laço vermelho, criado em 1991 pela Visual AIDS, grupo de artistas que se compadeceram com seus colegas que haviam sido acometidos pelo vírus. A cor foi escolhida por remeter às ideias de sangue e paixão.

Usado por diversos profissionais, de arte e de outras frentes, o laço vermelho lembrava a todos o que mais se buscava e ainda se busca: a solidariedade, o respeito e a lembrança da prevenção e do tratamento.

Qual o objetivo do Dezembro Vermelho e seu público-alvo

Como dito acima, o Dezembro Vermelho tem como objetivo levar informações sobre HIV, AIDS e ISTs. Estas ações buscam alertar sobre como se prevenir, tratar e sobre as medidas de assistência. Além disso, o mês ainda traz uma reflexão sobre os direitos das pessoas infectadas.

O público-alvo da campanha são os jovens de 15 a 24 anos, faixas etárias em que se vê uma maior taxa de infecção. Pelo fato de a população alvo da campanha ser mais jovem, o Dezembro Vermelho trabalha seus objetivos através de audiovisuais e demais formas criativas e chamativas. Os meios para divulgação da prevenção e do tratamento incluem televisão, rádio, redes sociais e ações de saúde em escolas, UBSs, UPAs e demais centros salutares. Ainda caminhadas e atos marcam a data, sendo uma chamada à conscientização, solidariedade e, principalmente, ao cuidado.

Dezembro Vermelho alerta para a prevenção

Devido aos grandes avanços médico-tecnológicos, hoje em dia pode-se dizer que as pessoas, quando diagnosticadas com HIV/AIDS, conseguem manter uma vida tranquila e saudável. Atualmente, a AIDS é considerada uma doença crônica, possuindo tratamentos eficazes de pré e pós-exposição.

Vale ressaltar que o Brasil é referência na prevenção e no tratamento da doença, já que desde 1996 disponibiliza de forma gratuita no Sistema Único de Saúde – SUS o antirretroviral para todas as pessoas que forem diagnosticadas, e, desde 2017, oferta medicamentos do mesmo estilo para as populações de risco mais elevado para o contágio.

Conheça algumas das medidas de prevenção mais utilizadas:

Camisinha

É inegável que o uso de preservativo, tanto o masculino quanto o feminino, ajudam a reduzir as taxas anuais de infecção, sendo um grande aliado no controle da doença. Vale ressaltar que preservativos são distribuídos nos mais variados estabelecimentos salutares e educacionais, além de ações pontuais em campanhas de conscientização, festas e eventos.

camisinha dezembro vermelho
Foto – br.freepik.com

Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é indicada às populações que têm maior risco de infecção, mas que não possuem HIV, como homossexuais, transexuais, profissionais do sexo, casais sorodiferentes (quando um vive com HIV e o outro não) e pessoas que estão mais propensas a sofrer contágio, como as que não usam preservativo em suas relações, que não usam preservativos em relações com pessoas com HIV, que possuem outras ISTs, e ainda às que fazem uso com frequência de medicamentos de Profilaxia Pós-Exposição.

O tratamento funciona assim: com a utilização diária de antirretrovirais, similares à composição dos usados no tratamento do vírus, as chances de infecção são reduzidas em mais de 90%. Para receber a prescrição, no entanto, consultas regulares devem ser feitas, além de acompanhamento da reação do organismo e exames para detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C.

Profilaxia Pós-Exposição (PEP)

A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) possui caráter emergencial, sendo indicada para pessoas que possam ter sido expostas ao vírus, seja por relações desprotegidas, rompimento de preservativo, violência sexual, uso de drogas injetáveis ou exposição acidental de profissionais de saúde.

Antirretrovirais, utilizados no tratamento do HIV, são indicados, e o tratamento tem duração de 28 dias, devendo ter início o mais breve possível a partir da suposta exposição (o prazo para iniciar a PEP é de 72 horas após o contágio). Além disso, seu uso recorrente não é recomendado, e testes para detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C devem ser realizados no início e no final do tratamento.

Novo tratamento da AIDS

Um dos primeiros tratamentos utilizados para infectados com AIDS foi o chamado AZT (zidovudina). Receitado anteriormente para pessoas com leucemia, o remédio passou a ser recomendado a quem testava positivo para HIV. Entretanto, seu uso levava o organismo a criar resistência.

Foi na metade dos anos 1990 que surgiu o tratamento combinado de medicamentos, chamado de coquetel, que ajudou a controlar a doença e o número de mortes. Os antirretrovirais altamente ativos impediam que o vírus se multiplicasse, porém, trazia diversos malefícios à saúde, com efeitos colaterais, afinal alguns pacientes ingeriam até 30 comprimidos por dia.

A ideia era diminuir ao máximo a quantidade de compridos necessários, aliado a uma menor frequência de doses e de efeitos indesejados, o que gerou uma corrida pelo desenvolvimento de novas drogas capazes de atender a estas expectativas, e até hoje pesquisas são feitas para o tratamento de pessoas com AIDS.

Com o uso diário dos medicamentos, a carga viral diminui drasticamente após seis meses de tratamento, mas a comunidade científica e médica segue em busca de uma fórmula que use apenas um comprimido por dia, vacinas de prevenção e até mesmo a cura da doença.

Diversas são as tendências de tratamento, sendo destacáveis três:

Tratamento antirretroviral 

O diagnóstico precoce do HIV permite uma melhor resposta do organismo aos medicamentos, os chamados antirretrovirais. Reduzindo a quantidade de vírus no corpo, o remédio ajuda tanto o paciente quanto possíveis parceiros, pois controla a carga viral presente no corpo.

Eliminação do contágio de mãe para bebê

Conhecida como transmissão vertical, ela acontece quando uma mulher grávida, sem tratamento, passa o vírus da AIDS para o feto. Durante o pré-natal, é recomendado que a gestante faça testes de HIV, sífilis e hepatites para, caso detecção positiva, o tratamento adequado possa ser iniciado o quanto antes e o bebê nasça sem a doença.

Vacina contra AIDS

O estudo HPTN 083, conduzido no Brasil, compara os efeitos do Cabotegravir, medicamento injetado a cada dois meses, em relação à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Iniciado em 2016 e com resultados divulgados em 2020, os dados do estudo revelam que houve diminuição de 68% nos casos de infecção em quem tomou a “vacina” em comparação aos que apenas utilizaram a PrEP. Agora, a pesquisa avança para novas análises.

Outro estudo que visa a prevenção da AIDS através de vacinas é o Projeto Mosaico, realizado em parceria com instituições nacionais e internacionais. A pesquisa é voltada para pessoas na faixa dos 18 aos 60 anos, que não sejam HIV positivas e que sejam homens homossexuais e pessoas transgêneros, que tendem a praticar sexo anal, que, sem proteção, torna-se propício para a transmissão da AIDS, quando uma das partes envolvidas possui o vírus.

A Adenovirus 26 (AD26), usada no Projeto Mosaico, é uma das vacinas em teste, na qual partes do vírus inativo são levadas para dentro das células, favorecendo a produção de anticorpos.

AIDS ainda é tabu

No início dos relatos, ainda nos anos 1980, a AIDS era relacionada com a homossexualidade, sendo chamada de “peste” e até mesmo “câncer gay”. Com o passar do tempo e dos estudos feitos, houve a descoberta que o HIV era, na verdade, transmitido por agente infeccioso, seja via relação sexual ou por contato direto com o câncer de alguém infectado. Ou seja: as formas de contágio não têm relação alguma com a sexualidade.

Após tantas décadas, a AIDS segue como tabu, o que faz com que campanhas como a do Dezembro Vermelho sejam ainda mais necessárias. A conscientização e a prevenção são as melhores formas de se lidar com a doença, e nenhum tipo de preconceito ou de intolerância ajudam a tratar e prevenir o vírus.

Neste dezembro, pense no assunto. Previna-se, apoie, e, sobretudo, respeite.

Fonte Circulo Saúde

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