Febre maculosa em Rio Claro: ‘Foi muito agressivo e cruel’, diz mãe de menino de 7 anos internado na UTI

Febre maculosa em Rio Claro: ‘Foi muito agressivo e cruel’, diz mãe de menino de 7 anos internado na UTI

Doença matou o avô dele, de 61 anos, no dia 29 de julho. Local de possível contágio fica às margens do Rio Corumbataí, no bairro Jardim Panorama, e prefeitura vai sinalizar área.

A mãe do menino de 7 anos, internado com febre maculosa, falou sobre o momento difícil que a família vive, em Rio Claro (SP). A criança se recupera, mas ainda inspira cuidados.

O avô dele, de 61 anos, morreu no dia 29 de julho com a doença. As confirmações foram divulgadas na quinta-feira (10), após exames do Instituto Adolfo Lutz.

Após o susto, Wiley diz que vai redobrar a atenção cuidados para evitar contato com os carrapatos.

“Tomar mais cuidado, passar repelente, ficar mais atento. A gente não quer passar por isso de novo, não quer ver outras crianças passarem por isso de novo”, disse.

Contágio no Jardim Panorama

Ela contou que o filho tinha passado o fim de semana na casa dos avós paternos, no Jardim Panorama. A área fica às margens do Rio Corumbataí, uma região com cavalos e outros animais que costumam ter o carrapato estrela, transmissor da doença.

Quando voltou, o menino começou a apresentar sintomas.

A criança segue internada na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de Rio Claro. “A criança internou e logo, diante da suspeita, a gente introduziu a medicação correta para tratar febre maculosa. Ela evoluiu com certa gravidade, vem tendo uma recuperação, mas inspira cuidados e evolui bem”, disse a diretora da Vigilância em Saúde de Rio Claro, Suzi Berbert.

Região vai ser sinalizada

A diretora da Vigilância informou que a região onde a doença foi transmitida vai ser sinalizada com um alerta para a presença do carrapato estrela.

Ela reforçou a importância dos cuidados ao entrar em áreas de risco. “Percebendo a presença do carrapatinho, já chega em casa, toma um banho para retirar o parasita da pele. A última questão é que, se a pessoa teve sintomas e teve em região de mato, tem que procurar o médico e falar para que o médico pense no diagnóstico de febre maculosa”, destacou.

O carrapato-estrela é um dos principais transmissores da febre maculosa — Foto: Getty Images via BBC

O carrapato-estrela é um dos principais transmissores da febre maculosa — Foto: Getty Images via BBC

Alerta

De acordo com a prefeitura, também será feita a conscientização de profissionais de saúde e população e contato com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).

A Vigilância Epidemiológica de Rio Claro está alertando a população para que evite contato com qualquer área de mata, especialmente às margens de córregos, rios e lagos, e locais com circulação de animais silvestres, capivaras e cavalos.

Quem apresentar quadro de febre e mialgias e que frequentou algum desses locais nos últimos 14 dias deve procurar atendimento médico, sendo muito importante informar ao profissional de saúde tal situação de risco.

Febre maculosa na região

Um levantamento feito pelo g1 em junho, com base em mapa do governo do estado apontou que 29 municípios da região tinham as áreas de risco para febre maculosa, entre eles Rio Claro, que teve um caso em 2021.

Em municípios próximos houve mortes nos últimos anos: em Araras foram duas mortes em 2020 e duas em 2021, além de um caso curado em 2022; em Leme, houve três casos em 2022, sendo que duas pessoas morreram e uma se recuperou.

Também houve mortes em Santa Cruz da Conceição, em 2021, e em São Carlos, também em 2021. Neste ano, pelo menos seis pessoas morreram da doença em Campinas.

Campinas realizou um mapeamento sobre áreas de risco para febre maculosa na cidade. O levantamento foi realizado depois de três pessoas contraírem a doença na metrópole e morrerem no último dia 8 de junho. Uma adolescente de 16 anos morreu ontem na região também com suspeita da doença. O mapeamento realizado pela prefeitura aponta ao menos 12 áreas ou regiões com risco para febre maculosa. São elas: Lagoa do Taquaral, Lago do Café, Parque Ecológico, Parque das Águas; Parque Botânico, Lagoa do São Domingos, Lagoa do Mingone, Fazenda Chapadão, Ouro Verde, Joaquim Egídio, Sousas e Barão Geraldo. Ainda de acordo com a prefeitura, esses locais já registraram infecção pela febre maculosa. — Foto: DENNY CESARE/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

A doença

A febre maculosa é transmitida pelo carrapato tipo estrela, que em 1% dos casos podem estar infectados, parasitando várias espécies de animais silvestres. Há no estado duas espécies da bactéria causadora da doença.

No interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, em áreas mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda.

Os principais sintomas da doença são:

  • Febre;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia e dor abdominal;
  • Dor muscular constante;
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
  • Gangrena nos dedos e orelhas;
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória.

Além de evitar áreas de risco, o Ministério da Saúde também recomenda o uso de repelentes contra os carrapatos.

Estudos mostram que a aplicação dos produtos na pele nua e/ou nas vestimentas reduz a chance de picada pelo carrapato. A pasta indica o uso de repelentes que tenham como princípio ativo DEET, IR3535 ou Icaridina.

Ciclo da febre maculosa envolve carrapatos e capivara — Foto: Amanda Paes/G1

Ciclo da febre maculosa envolve carrapatos e capivara — Foto: Amanda Paes/G1

Fonte EPTV

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