Para especialistas, a automação já é uma realidade no setor e trabalhadores deverão se adaptar as novas tecnologias investindo, principalmente, em treinamentos

Redação Chico da Boleia

Na última terça-feira (12), foi realizado o primeiro debate do projeto “O Futuro do Profissional do Volante”. A iniciativa, do jornalista Chico da Boleia, trouxe para o público a oportunidade de entender melhor as mudanças no mercado de trabalho no setor de transporte rodoviário de cargas, em meio aos avanços tecnológicos, especialmente com a implementação da automação.

O local escolhido para o encontro foi o SEST SENAT Porto Ferreira, cujo apoio foi fundamental para que esse primeiro passo pudesse ser dado, cedendo o espaço para que os participantes pudessem esclarecer dúvidas sobre o tema e trocar experiências, principalmente os motoristas que atuam no TRC.

A convite do Chico da Boleia, Gustavo Cappa, que é analista técnico de equipamentos para agronegócio e em veículos de mineração elétricos e remotamente controlados, trouxe para o público detalhes de como a tecnologia pode ser aliada dos trabalhadores, desde que haja capacitação.

Para Cappa, o mercado de trabalho precisa de mão de obra especializada, que cita como parte dos motoristas ainda não sabem utilizar nem 70% da tecnologia embarcada dos veículos atuais. O conhecimento completo ajuda a melhorar seu desempenho e o prepara para eventuais problemas durante o trajeto. “Posso citar como exemplo que nem todos os trabalhadores do setor sabem usar a telemetria”.

Com relação a automação, Cappa apresentou o investimento feito pela Vale S.A., na barragem em Mariana (MG), em equipamentos e veículos autônomos (não tripulados), operados à distância por colaboradores altamente capacitados, garantindo assim a segurança dos profissionais, que atuam com o que há de mais moderno no setor. “Técnicos e operadores são treinados para atuar em qualquer nível de automação. Pois, caso haja um problema em uma máquina, toda operação é suspensa até que o mesmo seja solucionado. Isso leva tempo e conhecimento. A formação desses profissionais é essencial resolver os problemas e evitar que os mesmos fujam do controle”. 

Apesar de já ser uma realidade no país, ainda falta muito para veículo autônomo esteja inserido tanto nas empresas quanto nas rodovias. Mesmo que grandes grupos, como a Ypê, já utilizem tais equipamentos (como empilhadeiras autônomas), o segmento ainda não está preparado para essa mudança.

Outro ponto abordado durante o debate foi a falta de profissionais no setor de TRC. As empresas estão cada vez mais a procura de motoristas para atuarem em seus quadros. E, para André Juliani, presidente do SINDECAR (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Porto Ferreira e Região), a falta de caminhoneiros nas estradas pode ser solucionada com o investimento em treinamentos, em formação e apoio para que possam crescer junto com as empresas.

“No segmento de transporte pesado estamos investindo em motoristas novos, treinando-os, ensinando a tecnologia dos novos caminhões e aos poucos eles vão adquirindo experiência”, conta André.

Além disso, as transportadoras também estão promovendo a formação de motoristas mulheres. Muitas oferecem gratuitamente cursos de capacitação, abrindo espaço para que o público feminino também tenha a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho e no setor de transportes rodoviário de cargas.

“A tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia do transportador e a velocidade com que as inovações são implementadas exigem uma adaptação do profissional. E mesmo com as limitações ainda encontradas em todo o país, os níveis 3 e 4 da automação já são uma realidade em muitas empresas. Por isso, debates como este são tão importantes, para que possamos nos atualizar, trocar experiências e nos preparar para o futuro do segmento”, destacou o jornalista Chico da Boleia.

Um dos participantes elogiou a iniciativa e destacou a importância de encontros como esse para que dúvidas sobre o futuro da profissão sejam esclarecidas, e também para a troca de experiências com outros motoristas.

O evento ainda contou com a participação de representantes da DPaschoal (que trouxe produtos da marca para o público) e da Concessionária Mercedes-Benz Irmãos Davoli (que disponibilizou dois caminhões da montadora para que os participantes pudessem ver as novas tecnologias embarcadas e esclarecer dúvidas sobre os veículos).

Ao final do evento, o Chico da Boleia agradeceu a participação de todos e o apoio, não só do SEST SENAT Porto Ferreira, mas também da Prefeitura Municipal de Porto Ferreira, Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo (FECAM-SP), Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Porto Ferreira e Região (SINDICAM Porto Ferreira), NTC&Logística, Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (CONFTAC), Federação das Empresas de Logística e de Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul (FETRANSUL), DPASCHOAL, Concessionária Mercedes-Benz Irmãos Davoli, Câmara Interamericana de Transportes (CIT), LBS Advogados e Advogadas, Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Porto Ferreira e Região (SINDECAR PORTO FERREIRA), Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (FETRANSPAR), DAF e TRP.

A data do próximo debate será anunciada em breve, no site www.chicodaboleia.com.br.

[rl_gallery id=”65459″]