Medicamentos como fentanil, codeína e oxicodona são analgésicos eficazes e seguros quando prescritos corretamente por um médico. Mas, sem orientação de especialista ou para uso recreativo, há um alto risco de o indivíduo desenvolver dependência.
“Minha mãe, Angelina*, era enfermeira e tinha fácil acesso a opioides no hospital [em que trabalhava]. Quando ela teve conjuntivite bacteriana, sentiu muita dor e começou a aplicar morfina em si mesma. Isso desencadeou o vício. Ela procurava coisas cada vez mais fortes, como fentanil [50 vezes mais viciante que a heroína]. Depois de se tratar, teve uma recaída aqui em casa e faleceu de overdose aos 42 anos. Eu que a encontrei. Foi terrível.”
Aos 25 anos, Maria*, de Brasília, aceitou contar a história de sua mãe, com um objetivo: conscientizar as pessoas a respeito do perigo de usar opioides sem prescrição médica.
Esses remédios — como morfina, codeína e oxicodona — são analgésicos que oferecem, de fato, um alto risco de dependência, caso sejam utilizados de forma recreativa ou sem o controle adequado de um especialista.
Mas, com a orientação correta, são recursos importantíssimos para o bem-estar de pacientes que enfrentam fortes dores, como os que têm câncer, estão em fase terminal ou recuperam-se de cirurgias.
➡️ Como, então, garantir que os opioides sejam usados apenas de forma responsável? É possível evitar que o Brasil viva a mesma crise dos Estados Unidos, onde cerca de 200 pessoas morrem por dia pelo consumo abusivo desses remédios?
“Não sabemos ainda se é algo ruim — se são pessoas que estavam realmente precisando receber os remédios ou se há um consumo inadequado deles.”
💊 Possibilidade 1: Historicamente, o Brasil apresenta problemas no “manejo da dor” — por conservadorismo ou medo, especialistas deixavam de receitar opioides para quem realmente precisava.
“Cerca de 80% dos pacientes com câncer vão apresentar dor no curso da doença ou do tratamento, mas é uma condição subtratada aqui no país”, afirma Christiane Pellegrino, uma das responsáveis pelo Núcleo de Dor Aguda do Hospital Sírio Libanês (SP).
Essa elevação nas vendas pode estar relacionada a uma conscientização dos profissionais de saúde em diminuir o sofrimento de pacientes. É o que explica João Batista Garcia, diretor científico da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).
💊 Possibilidade 2: O que os números não detectam é a venda ilegal dos medicamentos, principalmente do fentanil, o principal problema na crise americana. Em doses erradas (ou misturado à heroína), ele causa depressão respiratória e leva o usuário à morte.
Não se sabe qual a dimensão do problema aqui no Brasil — o primeiro grande alerta veio neste ano, quando, em três meses, a polícia fez três apreensões do medicamento no Espírito Santo, em locais ligados ao tráfico de drogas.
à Anvisa dados mais atualizados sobre o consumo de opioides no Brasil:
O ópio, uma droga proveniente da flor da papoula, chegou a ser motivo de guerra entre países da Europa e da Ásia no século XIX, justamente por gerar dependência química e consequente lucro para o tráfico.
Existem os seguintes tipos, que podem ser ingeridos por comprimidos (via oral) ou por injeções:
As propriedades analgésicas desses medicamentos poupam pacientes na UTI, por exemplo, de sentirem fortes dores. “Quando a gente utiliza da maneira correta, são medicações seguras”, afirma Pellegrino, do Sírio Libanês.
Já a pessoa que ingere opioides de forma recreativa ou sem orientação médica, buscando a sensação de bem-estar trazida pela droga, corre um risco alto de desenvolver dependência
Fonte G1
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