Pesquisadores da USP de São Carlos trabalham para aprimorar válvula para doença cardíaca
08/01/2024
0 ComentáriosTecnologia deve chegar ao mercado em cinco anos. Durabilidade e resistência do dispositivo serão testadas.
Dois professores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), participam de uma pesquisa que busca aprimorar um novo tipo de válvula para o tratamento da estenose, uma doença do coração.
A estenose atinge, principalmente, os idosos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a condição se torna cada vez mais comum, já que a população do país está envelhecendo.
O projeto faz estudos para aprimorar a Válvula Aórtica de Wheatley, que ficou conhecida em todo o mundo por ser um dos novos dispositivos usados em pacientes que tenham estenose aórtica.
🩺 O que é a estenose aórtica?
A estenose aórtica atinge a válvula aórtica, que faz passagem de sangue do coração para a aorta, responsável por distribuir o sangue para todo o corpo, impedindo que ela se feche totalmente, o que faz com que parte do sangue retorne ao órgão, comprometendo a circulação do paciente.
A doença atinge de 2% a 5% da população brasileira. Em alguns casos, a condição é tratada com medicamentos, mas quando a doença é considerada grave, os pacientes precisam realizar uma cirurgia para implantar a válvula.
Modelo matemático
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP de São Carlos oferece vaga de estágio para estudantes de administração — Foto: Nilton Junior/ArtyPhotos
O estudo é feito no Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), do qual os pesquisadores José Alberto Cuminato e Gustavo Buscaglia participam, em parceria com o professor Hugo Luiz Oliveira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fez pós-doutorado na USP de São Carlos com Cuminato.
Os pesquisadores da região integram a pesquisa desde 2020. Ela busca aprimorar o dispositivo a partir de modelos matemáticos e simulações em computadores. As tecnologias permitem que as evoluções da válvula sejam testadas antes mesmo dos testes clínicos, economizando tempo e recursos.
Segundo Cuminato, a pesquisa está desenvolvendo um dispositivo distinto de tudo que há no mercado.
💊 Quais são os tipos de válvulas disponíveis hoje?
Atualmente, há vários tipos de válvulas disponíveis para o tratamento da estenose aórtica. As três mais comuns são as válvulas mecânicas, as poliméricas e os dispositivos com componentes biológicos.
As chamadas poliméricas são aquelas que possuem maior vida útil. Apesar de serem uma solução para a doença, os pacientes precisam tomar anticoagulantes após o transplante, que são medicamentos que deixam o sangue mais fino, impedindo a formação de coágulos e ajudando na circulação. O uso constante desse tipo de medicamento pode provocar problemas no rins.
No caso em que é usado um dispositivo com componente biológico, não é necessário o uso de anticoagulantes, porém a válvula precisa ser trocada a cada 10 anos.
Teste em máquinas antes de seres vivos
Nesta fase do estudo, os pesquisadores estão testando a válvula em máquinas, na Inglaterra, para conferir se ela abre e fecha corretamente, evitando a formação de trombos, o que dá uma vida útil maior ao aparelho. Os resultados obtidos são comparados com os testes feitos em computadores.
Com o novo dispositivo, os pacientes não precisariam usar anticoagulantes.
Os testes com a válvula começaram a ser feitos por computador e modelos matemáticos. Na próxima fase, será feita a avaliação da resistência e a durabilidade do dispositivo.
De acordo com o pesquisador, o resultado devem chegar ao mercado em cinco anos.
“O último estágio de estudo é testar em animais, em porcos, coelhos. Mas, para fazermos isso, ainda é preciso provar que funciona.”
Fonte EPTV
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